Maioria dos que copiam informações confidenciais quer
usá-las em outra companhia, mostra pesquisa
A
perda de informações sigilosas para a concorrência é um problema cada vez
mais comum, mas a maioria das empresas não está preparada para evitar que
seus funcionários façam cópias indevidas de dados confidenciais – o que pode
configurar crime de propriedade intelectual – nem para impor sanções aos
infratores.
No Brasil, 62% dos profissionais que mudam de emprego levam
consigo dados corporativos confidenciais, aponta um levantamento da Symantec,
empresa especializada em segurança da informação. Dos entrevistados que
admitiram quebrar o sigilo da empresa, 56% disseram que pretendiam usar os
dados em uma nova companhia.
O porcentual é superior à média dos outros cinco
países analisados pela pesquisa, onde 40% dos empregados se acham donos da
informação produzida nas empresas.Ainda assim, apenas 33% das companhias dizem tomar alguma
atitude quando as políticas internas de sigilo são contrariadas.
“O
funcionário que leva dados corporativos confidenciais sem segundas intenções,
porque não entende que é errado, pode ser muito prejudicial para uma
organização”, afirma Vladimir Amarante, gerente de engenharia de sistemas da
Symantec.A Symantec ouviu 3,3 mil profissionais do Brasil, Estados
Unidos, Reino Unido, França, China e Coreia.
Os resultados do levantamento
mostram que muitos funcionários não só acham que é aceitável levar e usar as
informações quando deixam uma empresa, mas também acreditam que as
organizações não se importam.“O funcionário normalmente tem a ideia de que o que ele cria
pertence a ele e que quando sair pode levar para casa, usar em projetos
paralelos.
O trabalhador tem acesso a ferramentas tecnológicas para melhorar
a produtividade , e essas ferramentas não podem ser usadas para vazar
informações”, afirma Luiz Faro, engenheiro de sistemas da Symantec.Os avanços tecnológicos só agravam o problema. No passado,
lembra Faro, uma pessoa podia copiar 1,4 megabyte (MB) em um disquete. Hoje
um pendrive pode armazenar até 60 gigabytes (GB) – cerca de 44 mil vezes
mais.
Como evitar vazamentos?
A primeira orientação para quem pretende evitar problemas é
identificar os dados sigilosos e orientar os funcionários.
A conscientização
deve ser parte integrante do treinamento de segurança das empresas. Outro
ponto importante, lembra Luiz Faro, engenheiro de sistemas da Symantec, é
usar acordos de confidencialidade.Mas apenas a existência de uma política não resolve – é preciso
rigor e fiscalização.
Também é recomendado implementar tecnologias de
monitoramento e notificar automaticamente os funcionários sobre violações.
Essas medidas podem aumentar a conscientização dos funcionários e impedir
roubos.
O advogado Eduardo Pacheco, especializado em propriedade
intelectual, conta que aumentou muito, nos últimos anos, o número de empresas
que buscam instrumentos judiciais de prevenção contra esse tipo de crime.
O
escritório em que ele trabalha tem cinco funcionários e recebe informações
sigilosas de vários clientes. “Temos acordo de confidencialidade com todos os
funcionários que acessam os documentos da empresa. Restringimos ao máximo o
acesso aos conteúdos sigilosos e estamos constantemente informando os
colaboradores contratados, que assinam o contrato de confidencialidade, sobre
a importância do sigilo”, diz Pacheco.
Segundo
ele, as pessoas não estão acostumadas a respeitar esses limites quando se
trata de informação. “Já vi gente discutindo assuntos sigilosos de empresas
em aviões ou espaços públicos. Precisamos valorizar mais essa cultura da
importância da informação. Você não pode levar um computador da empresa para
usar na sua casa. O mesmo acontece com as informações”, explica.
Fonte: Gazeta do Povo
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